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No dia a dia das áreas de planejamento e controle empresarial é comum a citação de palavras específicas como Budget, Forecast e Rolling Forecast, as quais se referem a alguns dos dez tipos de processos e orçamentos empresariais. Por outro lado, também é recorrente o surgimento de dúvidas quanto ao significado de tais expressões, principalmente para aqueles que não atuam diretamente em departamentos contábeis financeiros.
Para esclarecer o significado de cada uma destas expressões, serão apresentadas as respectivas definições e os principais conceitos relacionados, ressaltando seus usos e benefícios para a gestão empresarial.
Budget
Inicialmente deve-se observar que Budget é a simples tradução da língua inglesa para a palavra orçamento. Algumas vezes surgem questões sobre a diferença gerencial entre a elaboração de um Budget e Orçamento. Não há diferenças além da língua.
Deve-se destacar que em algumas empresas podem ser observados dois orçamentos, o do planejamento estratégico e o anual. Cada um tem finalidades, características e público específico.
Cada empresa tem particularidades em seu negócio ou modelo de gestão que podem influenciar a estrutura de seu processo orçamentário. No entanto, de uma maneira geral, podem ser citados como principais componentes do processo orçamentário:
- Receita;
- Custo;
- Estoque;
- Compras;
- Despesas Gerais;
- Gastos com Pessoal;
- Capital (Investimentos);
- Resultado/Tributos;
- Fluxo de Caixa;
- Balanço Patrimonial.
Uma curiosidade referente à origem da palavra Budget é que a mesma deriva do francês bougette, que significa pequena sacola. Esta referência presumidamente tem relação com a possível riqueza que o seu interior conteria. Também neste sentido, na língua inglesa esta palavra, além de orçamento, tem como tradução alternativa mochila ou bolsa.
Forecast
O processo conhecido como Forecast tem o objetivo de revisar as projeções da empresa diante de sua atuação e condições de mercado, visando estimar o resultado financeiro mais provável para o encerramento do período orçamentário. Nesta atividade podem ser revisados não somente a DRE, mas também o fluxo de caixa, balanço patrimonial e qualquer outro relatório gerencial da companhia.
Ao realizar o processo de Forecast, a empresa utiliza os períodos já realizados e acrescenta a nova projeção para aqueles que ainda restam para encerrar o ciclo orçamentário.
Caso a empresa esteja no mês de abril, já existem as informações financeiras realizadas para os meses de janeiro a março. Assim, são revisadas as projeções de abril a dezembro do mesmo ano, as quais são acrescidas aos meses já ocorridos para gerar uma previsão atualizada do resultado ao final do período orçamentário.
É comum observar empresas que utilizam outras nomenclaturas para o Forecast. Alguns exemplos são “tendência” e expressões numéricas como “1 + 11” (utilizar um mês de realizado e revisar os próximos 11), “2 + 10” e assim por diante.
O grande benefício para a gestão empresarial derivado do processo de Forecast é possibilitar que a empresa avalie passo a passo a tendência de resultado de suas ações. Isto permite que sejam identificadas necessidades de mudanças ou mesmo oportunidades a serem aproveitadas durante todas as etapas do período orçamentário.
Rolling Forecast ou Orçamento Contínuo
O Rolling Forecast, também conhecido como orçamento contínuo, é a peça com maior foco no direcionamento de negócio da empresa, pois ela não se limita ao processo de planejamento anual verificado nos outros processos orçamentários.
Neste, a tendência futura da atuação da companhia, em consequência de seu relacionamento com o mercado e decisões tomadas, é continuamente revisada. Isto permite que a cada etapa do processo, problemas possam ser identificados para que seja possível a tomada de ações corretivas ou que oportunidades sejam aproveitadas.
Quando um empresa utiliza o Rolling Forecast, faz sempre a projeção dos próximos 12 meses independentemente do encerramento do ano calendário ou orçamentário que pratique.
A sua metodologia define que em cada revisão do planejamento, um período realizado seja excluído enquanto outro adicional é acrescido ao final. Assim, caso a empresa esteja em abril, o mês de março será excluído e a nova projeção ocorrerá para os meses de abril do mesmo ano até março do ano seguinte.
Podem ser observadas algumas empresas que não elaboram esta peça orçamentária em todos os meses, mas apenas trimestralmente.
Um dos principais benefícios presentes na implementação do processo de Rolling Forecast é a possibilidade da empresa identificar e responder rapidamente a desafios e oportunidades de mercado, indo além da visão de negócio limitada a um prazo específico.
No Forecast, havendo alguma situação de risco após o seu limite anual de projeção, provavelmente não será observada. Por outro lado, no Rolling Forecast, a visualização contínua para os próximos doze meses possibilita esta identificação de maneira antecipada.
Um exemplo de importância do Rolling Forecast pode ser citado em empresas que tem grande relacionamento com mercado externo e fazem a gestão de risco de câmbio através de operações de Hedge. Para que os contratos sejam firmados é necessário que constantemente se visualize a exposição futura em moeda estrangeira, pois muitos deles são de longo prazo e a revisão contínua do posicionamento do negócio se torna fundamental para a tomada de decisão.
Por fim, deve-se observar que apesar das diferenças entre os três conceitos, a sua utilização não é excludente mas, na verdade, complementar. Cada peça orçamentária tem um objetivo específico e pode servir de apoio a diferentes processos de decisão na gestão empresarial.
Sobre o autor:
Louremir Reinaldo Jeronimo é Doutor em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas – FGV EAESP. Professor convidado dos cursos de MBA do FGV Management e FGV In Company (Saiba mais)
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Ótima explanação Dr.Jeronimo. Entendo o Forecast como uma revisão do resultado final tal qual como explicado. No entanto, nas revisões, costumo manter o orçado original nos meses já realizados e substituir o orçado dos meses revisados a fim de melhor avaliação do gestor.
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Olá Vlademir. O procedimento normalmente utilizado é substituir os meses que já passaram pelos valores de realizado. Isto é feito em virtude da possibilidade de que os eventos reais serem muito distintos daquilo que havia sido orçado. Ocorrendo esta situação, manter os valores para as novas projeções pode gerar distorções. Até logo!
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Excelente a didática. Parabéns
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Muito obrigado, Alexandre Porto!
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