
As empresas realizam diversos tipos de gastos em suas operações, os quais são considerados como custos quando utilizados na fabricação de produtos ou prestação de serviços.
Estes custos, quando analisados em relação à sua forma de utilização, podem ser classificados em duas categorias:
- Diretos: quando estão vinculados aos produtos ou serviços e não há dúvida que a eles pertencem;
- Indiretos: quando não estão vinculados aos produtos ou serviços e necessitam utilizar critérios de rateio para sua alocação.
Como exemplo de custo direto pode-se citar a matéria prima consumida no processo de fabricação, enquanto de indireto, o supervisor de produção responsável por mais de uma linha de produto.
A compreensão dos custos como diretos ou indiretos é de fundamental importância para a realização de uma boa gestão dos negócios e para decisão sobre a metodologia mais adequada na apuração do custo total baseado em rateios ou para escolha de uma outra alternativa gerencial como o custeio baseado em atividades, por exemplo.
Outra forma de classificar os custos é quanto ao seu comportamento, ou seja:
- Fixos: aqueles que não sofrem variação em relação ao volume de atividade da empresa, seja produção ou execução dos serviços;
- Variáveis: aqueles sofrem variação em relação ao seu volume de atividade.
Alguns exemplos de custos variáveis são matérias primas e insumos produtivos, tais como água e energia elétrica. No caso de fixos, podem ser citados aluguéis e seguros de uma fábrica.
A relação entre o total de gastos fixos e variáveis é importante para a análise e gestão de risco de uma empresa, pois caso haja uma redução nas vendas, os gastos variáveis tendem a serem reduzidos, enquanto os fixos a ficarem estáveis.
Este comportamento, além de poder comprometer o fluxo de caixa do negócio, é fundamental para apuração de sua margem de contribuição e ponto de equilíbrio.
Ao analisar a estrutura de custo de uma empresa, é comum surgir dúvida quanto à correta classificação dos gastos com mão de obra. Seriam estes fixos ou variáveis?
Para resolver esta questão, inicialmente deve-se esclarecer a distinção entre o valor de folha de pagamento e de custo de mão de obra direta.
Para isso, é importante compreender que para a classificação de um custo como fixo ou variável, deve-se levar em consideração o fator tempo. Um gasto que em um curto período tenha comportamento fixo pode ser entendido como variável no longo prazo, sendo a folha de pagamento exemplo desta situação.
No período de um único mês, a tendência é que não ocorram modificações no valor total de folha de pagamento em consequência de alterações no volume de atividade da empresa. Por outro lado, no longo prazo, esta acabará sendo ajustada a eventuais diminuições ou aumentos da demanda, passando a ter comportamento variável.
Assim, a folha de pagamento, sobre o ponto de vista da empresa, é um gasto fixo em análises de curto prazo (não considerando eventuais horas extras que podem assumir comportamento distinto).
Por outro lado, sobre a perspectiva dos produtos ou serviços, devem ser considerados como custo de mão de obra direta os gastos com pessoal que são efetivamente utilizados no processo de execução, tendo comportamento variável.
Caso um colaborador utilize 70% de seu tempo no processo de fabricação de um produto e 30% em ociosidade, a primeira parte deve ser considerada como direta e variável, enquanto a segunda indireta e fixa, devendo ser rateada.
Um outro exemplo é a composição de custos de uma empresa prestadora de serviços de consultoria em tecnologia.
Os consultores que atuam na execução dos projetos geram um valor de folha de pagamento que é fixo do ponto de vista de curto prazo da empresa.
Analisando sobre a perspectiva dos projetos, o consumo de horas na implementação dos sistemas depende de seu andamento, sendo portanto variável. Um fato que corrobora este entendimento é que nestes negócios, geralmente, os projetos são negociados através da projeção de horas a serem empregadas nas atividades para a entrega.
Em resumo, a classificação dos gastos com pessoal como fixo ou variável depende da análise e decisão que o gestor estiver realizando, pois a folha de pagamento classificada como custo tem comportamento fixo no curto prazo e variável no longo. Além disso, o valor da mão de obra efetivamente consumida na fabricação dos produtos ou prestação dos serviços é variável pois delas depende, enquanto a diferença entre o seu total e o da folha de pagamento deve ser considerada como ociosidade, tendo comportamento fixo.
Sobre o autor:
Louremir Reinaldo Jeronimo é Doutor em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas – FGV EAESP. Professor convidado dos cursos de MBA do FGV Management e FGV In Company (Saiba mais)
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