A compreensão dos custos de uma empresa, bem como o seu comportamento, é de fundamental importância para a realização de uma boa gestão dos negócios.
Existem várias formas de classificação de custos que podem permitir diferentes análises gerenciais, entre elas, a segregação entre fixos e variáveis, que tem impacto direto no risco de um negócio, além de a sua identificação como diretos ou indiretos.
Os custos diretos podem ser entendidos como os gastos consumidos e associados de maneira objetiva à um determinado produto ou serviço. Quando algo é classificado como custo direto não há dúvidas sobre o fato de ser utilizado na fabricação do produto ou prestação do serviço.
Na maioria das vezes, estes gastos estão relacionados a itens como mão de obra, matérias primas, embalagens ou materiais utilizados na fabricação ou serviço.
De forma distinta, os gastos considerados custos indiretos não podem ser associados de maneira objetiva à um determinado produto ou serviço. Neste caso, a empresa tem a percepção de que os valores são por eles consumidos, mas não é capaz de identificar claramente o responsável e em que proporção, necessitando assim passar por um processo de rateio para a sua distribuição.
Pode-se entender como rateio o processo de dividir os gastos indiretos pelos produtos ou serviços que os estejam utilizando, fazendo a sua alocação de acordo com algum critério pré determinado.
Alguns exemplos de custos indiretos podem ser o supervisor de produção de uma empresa que fabrique diversos produtos ao mesmo tempo, o diretor de consultoria responsável pela implantação de um grupo de projetos e o aluguel de uma área utilizada no processo de fabricação de vários itens.
Deve-se observar que a definição de um custo como sendo direto ou indireto pode variar entre empresas, como a energia elétrica considerada direta em situações de uso intensivo e dedicado, mas indireto onde o seu consumo seja em atividades que gerem diversos produtos.
No caso de empresas com apenas um produto ou serviço, não há o que considerar como custo indireto pois automaticamente todos os gastos estão a ele associados.
Em relação ao ponto de vista gerencial, o grande desafio é alocar de maneira adequada os custos indiretos aos produtos ou serviços para que seja possível avaliar rentabilidade da operação ou mesmo definir preços de venda.
Esta realidade tem se tornado cada vez mais complexa em virtude das estruturas de negócio atuais terem continuamente reduzido a relação entre gastos diretos e indiretos.
O processo de mecanização e informatização ocorrido nas últimas décadas fez com que diversos processos que utilizavam uma grande quantidade de pessoas dedicadas a um determinado produto ou serviço fossem substituídos por máquinas ou sistemas que realizam as mesmas operações, algumas vezes de maneira mais eficiente. Além disso, em grande parte destes casos, o uso destes novos recursos tem a capacidade de elaborar diversos produtos ao mesmo tempo, ou seja, gerando a transferência de custos inicialmente diretos para indiretos.
Assim, para que algumas decisões importantes sejam tomadas, tais como preços ou continuidade, é fundamental que o custo total seja analisado de acordo com a sua natureza para ser possível compreender a sua composição.
Diferentes critérios de rateio podem gerar resultados finais completamente diferentes. O entendimento das estruturas de custos das organizações é importante para a decisão sobre a metodologia mais adequada para apuração do custo total baseado em rateios ou para a escolha de uma outra alternativa como o custeio baseado em atividades, por exemplo.
Sobre o autor:
Louremir Reinaldo Jeronimo é Doutor em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas – FGV EAESP. Professor convidado dos cursos de MBA do FGV Management e FGV In Company (Saiba mais)
Artigos relacionados:
O Custeio Baseado em Atividades e as novas estruturas de custos
Terceirização, Gastos Fixos e Risco Empresarial – Analisando o Ponto de Equilíbrio
Categorias:Conceitos Financeiros e Contábeis
Excelente artigo Me. Louremir. Gosto muito do conceito de margem de contribuição quando se tem capacidade ociosa na produção, contudo entendo os riscos quando os produtos correntes estão próximos fim de seu ciclo de vida, podendo assim deixar um produto que apresenta margem de contribuição mas insuficiente para pagamentos dos custos e despesas fixas. Poderia escrever um artigo sobre o tema e como podemos equilibrar o resultado da empresa de forma a diminuir riscos e aumentar a rentabilidade?
Forte abraço
Rafael Saes
CurtirCurtir
Olá Rafael, muito obrigado! Gostaria de validar se compreendi a sua sugestão, a qual é muito bem vinda! O caso colocado se refere a manter produtos com baixa margem de contribuição para reduzir o risco e rentabilidade do negócio? Até logo!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Exatamente Mestre,
CurtirCurtir
Boa sugestão Rafael! Vou inserir na lista de publicações. Muito obrigado!
CurtirCurtido por 1 pessoa