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As micro e pequenas empresas têm grande importância na economia brasileira, tanto em relação à participação do PIB do país quanto em sua capacidade de geração de empregos.
No entanto, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae em outubro de 2016 , em torno de 23% da empresas encerram suas atividades em até dois anos após a abertura.
Certamente existem diversas razões, isoladas ou em conjunto, que influenciam este elevado percentual. No entanto, nesta pesquisa, é interessante observar os motivos apontados pelos empreendedores para justificar o encerramento das empresas:
- Situação antes da abertura:
- Tipo de ocupação do empresário;
- Experiência do ramo;
- Motivação para abrir o negócio.
- Planejamento do negócio;
- Gestão do negócio;
- Capacitação dos donos em gestão empresarial.
Os quatro itens apontados como grandes fatores de influência para a alta mortalidade estão relacionados à capacidade de planejar e executar planos de maneira adequada.
Em geral, quando os empreendedores decidem abrir um negócio, é normal que diversas análises sejam realizadas, tais como, estudos de mercado, planos para captação de clientes, adequação de produtos e serviços para sua expectativa, entre diversos outros. Após esta fase, o empreendedor inicia a execução e muitos têm sucesso em suas atividades iniciais, o que certamente gera grande euforia e motivação.
Após esta etapa, a empresa entra em operação normal e grande parte dos empreendedores passa a se dedicar a situações de dia a dia, focando sua atuação em um turbilhão de problemas operacionais, adotando uma gestão reativa, perdendo o foco do negócio e deixando de reagir adequadamente.
A consequência desta situação é que a ausência de processos de planejamento e controle faz com que diversas delas acabem saindo do mercado e passem a compor a estatística apurada pelo Sebrae.
Para evitar esta situação, é fundamental que os gestores deixem de ser reativos em relação aos seus desafios diários e, periodicamente (a cada ano ou quando surja grande modificação no mercado), analisem o cenário que estão inseridos, procurando identificar tendências, planejando e executando as suas atividades de maneira coordenada.
Este processo de questionamento faz parte da definição da estratégia de uma empresa, a qual deve ser baseada na compreensão sobre o que se espera atingir nos próximos anos, na imagem a ser gerada e no entendimento sobre quais os seus planos de maneira geral, tais como, atuação em outros mercados e desenvolvimentos de novos produtos.
Deve-se observar que, no caso de pequenas e médias empresas, “onde se quer chegar” pode depender da situação de negócio. Nem sempre a visão estratégica será direcionada para crescimento ou aumento de participação de mercado, pois, em alguns casos, o foco pode ser outro, tal como a readequação financeira do negócio.
Para apoiar este processo, a utilização das perspectivas do Balanced Scorecard pode ser bastante útil para a definição dos objetivos a serem atingidos. Basicamente, pode-se pensar a estratégia através de quatro perguntas:
- Qual resultado financeiro pretendemos atingir?
- Como atender a expectativa de meus clientes e ser melhor que meus concorrentes?
- Como a empresa deve ser organizada para atender bem os clientes e ter o resultado financeiro esperado?
- Onde a empresa deve melhorar para atender bem os clientes e ter bons processos?
Em cada objetivo definido, o gestor deve identificar o que considera importante no negócio para que seja atingido, analisar a sua situação atual e identificar o que deveria ocorrer para serem realizados. Estas são as metas a serem perseguidas pela empresa.
Por fim, para cada meta, devem ser criados indicadores a serem medidos durante a atuação da empresa.
Estas atividades devem ser finalizadas através da elaboração de um planejamento orçamentário que seja reflexo deste processo para ser possível avaliar as consequências do conjunto de ações que serão tomadas, além de gerar uma base para ser acompanhada periodicamente, tanto em relação aos indicadores quanto aos resultados financeiros gerados.
Este é um processo que requer maturidade e evolução na gestão das pequenas e médias empresas, mas pode ser o ponto fundamental para fazer com que uma empresa tenha sucesso em seu mercado de atuação e não encerre as suas atividades de maneira prematura.
Certamente existem diversos fatores responsáveis pela alta taxa de mortalidade das empresas no Brasil, mas, certamente, a ausência de um processo de análise de negócio, planejamento e controle é uma das principais razões.
Sobre o autor:
Louremir Reinaldo Jeronimo é Doutor em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas – FGV EAESP. Professor convidado dos cursos de MBA do FGV Educação Executiva e FGV In Company (Saiba mais)
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Categorias:Análises Gerenciais, Planejamento Estratégico