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Atualmente, os executivos no Brasil recebem cada vez mais pressão por diminuição de gastos, ganhos de produtividade, maior participação de mercado, incremento nos lucros e geração de valor. Em virtude das várias necessidades decorrentes desta situação e dos desafios enfrentados, destaca-se a necessidade de informações que permitam compreender de maneira correta a situação de suas organizações.
Nas últimas décadas, observam-se grandes investimentos em tecnologia e sistemas de informações mas, na maioria das vezes, a evolução ocorreu nas atividades operacionais das empresas. Estes recursos foram destinados a processos gestão de estoques, faturamento, cobrança, emissão de notas fiscais, etc.
Criar uma estrutura interna com processos eficientes na operação é fator relevante para o sucesso de uma empresa mas, por outro lado, as informações geradas por esses sistemas geralmente não atendem de maneira satisfatória as necessidades da alta gestão.
Um gestor, ao tomar decisões estratégicas, necessita da disponibilidade de relatórios que possam fornecer uma visão completa de sua organização e dos riscos envolvidos em cada uma das alternativas consideradas.
Na medida em que os executivos necessitam analisar as diversas áreas da organização em conjunto, aumenta a dificuldade de geração de informações pois, em geral, há a necessidade de composição de dados provenientes das mais diversas origens, tais como banco de dados, CRM, planilhas eletrônicas e sistemas desenvolvidos internamente. Caso a análise necessária se refira a um grupo de empresas, muitas vezes atuantes em distintos segmentos, a composição dos relatórios de forma adequada e eficiente se torna atividade quase impraticável.
Nos últimos anos observou-se o surgimento de diversos negócios e tecnologias que modificaram completamente a vida das pessoas e por outro lado passaram a fornecer uma infinidade de dados sobre seu comportamento e consumo. A sua disponibilização para as empresas é outra fonte a ser explorada em conjunto com as tradicionais, o que aumenta o desafio de geração de informações relevantes para a gestão.
Felizmente, a tecnologia da informação tem evoluído com grande velocidade nos mais diversos segmentos, inclusive para o atendimento das necessidades de informações gerenciais. Além disso, outro fenômeno recente no mercado mundial é a tendência de soluções em nuvem que retiram grande parte da necessidade de investimento e manutenção das empresas, possibilitando o acesso a um maior número de companhias.
O grupo de soluções destinadas ao atendimentos das demandas citadas recebe algumas nomenclaturas distintas tais como EPM – Enterprise Performance Management, CPM – Corporate Performance Management ou até BPM – Business Performance Management. Deve-se observar que o potencial destas soluções se torna ainda maior quando utilizadas em conjunto com tecnologias de análise de dados e de Big Data.
Utilizando como referência a sigla EPM, pode-se dizer que este é um conjunto de soluções tecnológicas voltadas para a gestão estratégica e o atendimento das necessidades de informações dos gestores. O seu uso facilita a elaboração das estratégias e permite a comunicação para todos os níveis responsáveis pela sua execução e controle.
O conceito de EPM, tem três pilares centrais para que seja desenvolvido:
1. Modelo de Gestão. Este conceito se refere à maneira como uma organização é gerida, planejada e controlada. As suas características podem ser derivadas de diversas fontes, tais como, crenças pessoais do fundador, origem ou mesmo região de atuação da empresa. Estas influências podem modificar a forma como as decisões são tomadas, impondo modelos, princípios e regras a serem seguidas. Isto pode fazer com que diferentes empresas apresentem formas de atuação bastante distintas mesmo que pertencentes à um mesmo setor de atuação.
2. Processos. As atividades que envolvem a elaboração dos planejamentos estratégicos, orçamentos empresariais, desdobramento de metas orçamentárias, realização de fechamentos contábeis, apuração de custos tanto contábeis quanto gerenciais, entre diversas outras atividades fundamentais para a gestão da estratégia de uma empresa, envolvem processos que fazem parte da gestão do conhecimento empresarial.
3. Tecnologia. Devido a grande e crescente complexidade dos negócios e modelos de gestão, acompanhados da necessária agilidade nos processos, apenas se torna possível a criação de um eficiente sistema de informação gerencial com a utilização da tecnologia. A sua não utilização geraria dificuldades praticamente intransponíveis para a agregação de todos os processos e fontes de dados de modo que, em tempo aceitável, fossem geradas as informações fundamentais para a gestão de uma empresa. Além disso, o desenvolvimento de um modelo estruturado que permita o desdobramento do planejamento estratégico em planos para as áreas de execução, de maneira coordenada e consistente, necessita de sistemas que garantam uma relação de causa e efeito, com acompanhamentos periódicos para garantir que os objetivos sejam atingidos.
Em teoria, não há uma dependência entre tecnologia e a implantação de modelos de gestão, mas a complexidade das empresas e a agilidade exigida atualmente praticamente impõem a sua utilização cada vez mais efetiva. Este fato faz com que os sistemas de EPM e de análise de dados representem uma das grandes demandas de investimento das empresas, tanto no Brasil quanto ao redor do mundo, além de serem considerados como fator fundamental para o desenvolvimento de organizações ágeis e eficientes para enfrentar os desafios oriundos de uma concorrência global.
Sobre o autor:
Louremir Reinaldo Jeronimo é Doutor em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas – FGV EAESP. Professor convidado dos cursos de MBA do FGV Management e FGV In Company (Saiba mais)
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